quinta-feira, 13 de março de 2008

A chata, a cerveja e o mamão

Do lado da entrada do meu prédio tem um barzinho, e de vez em quando eu passo lá pra comer um misto-quente na baguete com gergelim, uma coxinha com catupiry (a melhor que eu já comi) ou um sanduba de carne-louca. Isso tudo acompanhado de coca de garrafa (aquela deliciosa de 290 ml).

Além da comida, lá é legal pra observar as pessoas.

Estava eu hoje envolto em todas estas pérolas da baixa gastronomia quando chegam duas pessoas e sentam à mesa que estava logo em frente à minha.

Um casal curioso. Na verdade, não era um "casal". Pelo jeito eram colegas de trabalho. E pelo jeito eles não transam. Nem entre si nem com ninguém.

A moça era a chata do título. Sabe aquelas feias que tem papo chato, que sentam à mesa como homens, falam alto com jeito de malandras e se acham as maiorais? A própria.

O rapaz era na verdade um tiozinho daqueles que usam os óculos (de leitura) na ponta do nariz, com camisa da Fascynios (3 por R$ 20!!!) e que um dia com certeza usou gravata de crochê. Aqueles que trabalham em repartição pública, cartório e empregos empolgantes afins. Praticamente um Lineu da grande família. E, como o Lineu, não agredia a visão.

Ah, ele é o mamão do título.

"Mamão" é um conceito engraçado. Me ensinaram direto de Goiânia. Mamão é o cara que não é só bobo, nem só pamonha, nem só nerd. Ele é uma mistura de tudo. É o cara que, mesmo sendo sempre zoado, continua sendo... um mamão.

Acontece que na relação entre os dois entrou a cerveja. Quem pediu? A malandrona, é claro. "QUERO TRINCANDO!!!"

Pois bem. O garçom pegou a mais gelada que havia no freezer, e ela realmente veio gelada. Com gelinho do lado de fora da garrafa, manja? CLARO que essa cerveja ia congelar quando alguém aproximasse a mão do líquido. Pura ciência etílica.

E CLARO que a primeira coisa que o mamão fez foi meter a mão no corpo da garrafa. O líquido congelou em 3 segundos. É issaí, meninão!!! A chata fez aquela cara de "putz, que loser..." e explicou pra ele de uma maneira nada agradável que isso acontecia com cervejas "trincando". Depois de demonstrar toda essa intimidade com a cerveja, ele se contentou em segurar pelo gargalo como a malandra e o garçom recomendaram.

A malandra pediu que trocassem a garrafa, só pra ser chata. E a nova cerveja, também trincando, também congelou, só que agora dentro do copo (ao encostar a mão). Nova troca.

E a malandra, com toda a pompa de cervejeira amalucada e desencanada, tomou meio copo e passou a falar (mais) merda. Atuação digna de Malhação.

E o mamão ali, calmo, sem esquentar a cabeça nem a cerveja. Afinal, aprendeu a lição.

Vai que a coisa congela de vez...

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